Símbolo de resistência e coragem, a da Barriga, território alagoano que abrigou a República de Palmares, recebeu o título de Patrimônio Cultural do Mercosul. Criado há 400 anos, o quilombo foi considerado a maior experiência de organização política e cultural dos descendentes de africanos nas Américas. Durante quase um século, milhares de negros e indígenas que viveram ali enfrentaram os exércitos coloniais e morreram em luta contra a escravidão. O Caminhos da Reportagem foi à da Barriga para relembrar essa história, que é preservada no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, criado em 2007. O parque reproduz as instalações e a organização palmarina, tendo como um dos seus pontos fortes a réplica de um palácio africano, onde o conselho dos quilombolas se reunia para tomar decisões estratégicas. A é um lugar sagrado e seu valor foi resgatado pelo movimento negro nos anos 1980. Todos os anos, em novembro, o local é visitado por aqueles que acreditam nos ideais de liberdade que moveram Ganga Zumba, Dandara e Zumbi dos Palmares. A equipe de reportagem acompanhou rituais sagrados e provou os sabores afro nos pratos preparados pela Mãe Neide. Registrou também o afoxé, a capoeira e o culto aos orixás, que convidam as novas gerações a manterem vivas as tradições e a batalha pela igualdade racial. No pé da Serra, o quilombo do Muquém é considerado por alguns especialistas remanescente de Palmares. O povoado é conhecido pela produção de artesanato em cerâmica, de acordo com as técnicas aprendidas com os mais antigos. A proposta da Fundação Cultural Palmares, entidade responsável pela administração do parque, é fazer da uma atração turística e ponto de partida para se recontar a história heroica dos quilombolas. “Porque a da Barriga é uma história de liberdade, e essa liberdade tem que se ensinada aos nossos jovens, às nossas crianças, para que elas cresçam tendo orgulho de serem afro-brasileiras, de terem tido os antepassados que tiveram”, afirma o presidente da entidade, Erivaldo Oliveira. A reportagem aborda também os desafios que vieram junto com o título de patrimônio do Mercosul, como melhorias nas instalações, formação de guias turísticos e o realojamento das famílias que vivem como posseiras ao longo da por décadas. O programa foi feito em parceria com a Fundação Cultural Palmares

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